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domingo, 5 de junho de 2011

O DOM DE LÍNGUAS -PARTE 5

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Depois de vermos a terceira ocorrência do batismo do Espírito em Atos, passemos para a quarta e última ocorrência do batismo do Espírito que se encontra em At 19.1-7. Se trata da descida do Espírito Santo em Éfeso:
Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. Eram, ao todo, uns doze homens.
Precisamos nos deter, por um instante, na estrutura grega em que esta passagem se apresenta. Isso por que há algumas versões que traduzem assim a pergunta de Pedro:“Recebeste o Espírito Santo depois que crestes?”. Quando a pergunta é lida desta maneira, dá a impressão que a interpretação pentecostal de que alguém deve receber o batismo após a conversão está correta. Mas temos que pergunta se a estrutura da pergunta no grego permite tal conclusão.

No grego esta pergunta se encontra assim: “Ei pneúma hágiom elábete pisteúsantes”.Temos um verbo no tempo aoristo (elábete) seguido por um particípio aoristo (pisteúsantes). O particípio expressa uma ação contemporânea “ao crerem”, isto é, “quando vocês se tornaram cristãos”. Já o aoristo denota uma ação que ocorreu no passado e que não se repete. Neste caso, o “recebeste” (elábete) é uma ação única, ocorrida uma única vez. O recebimento (elábete) do Espírito junto com a fé (pisteúsantes) são simultâneos, de acordo com a construção da pergunta no grego. O particípio aoristo coincidente é doutrinariamente importante.

Para os pentecostais o recebimento do Espírito deve acontecer somente depois da conversão, nunca ao mesmo tempo. Se esta fosse a intenção de Lucas, ele poderia ter feito outra construção para a pergunta.

A resposta dos doze discípulos é reveladora: “Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo”. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal do texto diz que os crentes efésios não haviam ouvido falar sobre o derramamento do Espírito, mas que tinham algum conhecimento do Espírito. Ora, o que a Bíblia de Estudo Pentecostal quer defender é que eles já conheciam o Espírito, mas que não sabiam ainda sobre o derramamento no Pentecoste.

É isso mesmo que o texto diz? No grego está literalmente assim: “Pelo contrário, nem temos ouvido que existe um Espírito Santo”. Isso é importante saber pois a teologia pentecostal afirma que o crente deve buscar pelo batismo do Espírito. O texto diz que eles não tinham a menor idéia do que era o Espírito Santo. Não há nada que indique no texto que eles tinham algum conhecimento do Espírito. Nada. Ora, como os efésios poderiam buscar algo de que não conhecem?

Continuando com o texto, o relato diz que Paulo lhes impôs as mãos para receberem o Espírito e falaram em línguas e profetizaram.

O texto não prova que todo crente deve receber o batismo do Espírito Santo após sua conversão evidenciando as línguas. Algumas características que encontramos no texto é a seguinte:
  1. Os eféios não conheciam o Espírito Santo;
  2. Os efésios não estavam buscando pelo Batismo do Espírito;
  3. O texto mostra que eles receberam mediante a imposição das mãos de um apóstolo, no caso Paulo.

Já analisamos os pontos um e dois. O ponto três eu abordarei no próximo e último post desta série, mas eu deixo uma pergunta: se é verdade que eu devo receber o batismo do Espírito para falar em línguas, onde está um apóstolo para impor as mãos sobre mim?

No post seguinte, iremos analisar os pontos semelhantes nas três últimas ocorrências do batismo do Espírito em Atos.

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