Era um galinheiro pequeno. Os
espaços eram poucos e todos viviam juntos e misturados. O galo mais velho quase
sempre não fazia nada, de vez em quando dava uma “ciscadinha” para defender seu
terreiro – local que por ter estado muito tempo lá, já se achava o dono do
pedaço, de vez em quando dava uma “cacarejada” para reclamar mais milho para
seu papo e assim dominava boa parte da cantoria dos outros frangos que pensavam
em um dia ser galo.
É costume o galo cantar logo
cedinho pela madrugada anunciando o raiar de um novo dia. Quando algum galo do
baixo escalão cantava em hora que não era costume o “galo mais velho” logo
tentava criar um barulho sintético para calar a voz do outro, em alguns casos
ficava indiferente quando o canto desafinado não ameaçava seu domínio. E
assim os dias passavam. Cada qual no seu lugar esperando a noite chegar para
que na madrugada pudessem expressar a cantoria matutina sem ser incomodado pelo
galo mais velho.
Dentro do galinheiro só
existem duas coisas que assustam seus habitantes: Dois galos brigando pelo
poder do território e a raposa sagaz que no escurecer da noite aparece
sorrateira e tenta de forma sutil encurralar algum pintinho ou frango para
poder devorar. Assim como cão e gato, o relacionamento de raposas com galinhas
nunca foi muito amistoso – ambos são inimigos mortais. A raposa pra sobreviver
precisar de um terreiro que tenha muitos habitantes para que sempre possa
fisgar um desavisado e garantir sua refeição e tenha seu “status
quo” respeitado.
Um dia o galo mais velho resolveu
garantir sua vida e de alguns de seus afilhados e propôs um acordo de paz com a
raposa. A raposa já cansada de sempre ter que arranjar uma maneira sutil de
enganar o galinheiro para satisfazer seus caprichos pessoais e saciar sua fome
de poder, viu na proposta do galo velho a possibilidade de imobilizar o
guaxinim (outra ameaça ao galinheiro) -
O galo velho disse que a raposa prometesse reformar o galinheiro, dar poleiros
novos para todos e distribuísse muito
milho no terreiro, tanto milho que os frangos e galinhas pensassem que não acabaria mais.
A raposa muito esperta apagou da
mente de todo o galinheiro a ideia de futuro e os fez pensar apenas no presente
– Disse que daria um poleiro novo a cada frango e galinha, espalhou milho, fez
promessas de segurança e proteção. Com isso conseguiu aprisionar dois terços do
galinheiro, Provocou a entrada de
cada um, Rasgou todos os compromissos
assumidos, Organizou a prisão de
todos em um mesmo Poleiro, Surrupiou todos os direitos de uma vida independe e
ainda deixou o famoso “galo mais velho” comendo em sua mão, como presa fácil
para possíveis projetos de satisfação pessoal.
No poleiro velho só ficou um
terço do galinheiro e resta a eles se manterem firmes em seus poleiros ou
também se render aos encantos da raposa. Espera-se que aurora faça surgir o
vislumbre de novos horizontes e não se deixem corromper pelas promessas de vida
melhor insinuada pela raposa.
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