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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A FÁBULA DA RAPOSA E O GALO




Era um galinheiro pequeno. Os espaços eram poucos e todos viviam juntos e misturados. O galo mais velho quase sempre não fazia nada, de vez em quando dava uma “ciscadinha” para defender seu terreiro – local que por ter estado muito tempo lá, já se achava o dono do pedaço, de vez em quando dava uma “cacarejada” para reclamar mais milho para seu papo e assim dominava boa parte da cantoria dos outros frangos que pensavam em um dia ser galo.
É costume o galo cantar logo cedinho pela madrugada anunciando o raiar de um novo dia. Quando algum galo do baixo escalão cantava em hora que não era costume o “galo mais velho” logo tentava criar um barulho sintético para calar a voz do outro, em alguns casos ficava indiferente quando o canto desafinado  não ameaçava seu domínio. E assim os dias passavam. Cada qual no seu lugar esperando a noite chegar para que na madrugada pudessem expressar a cantoria matutina sem ser incomodado pelo galo mais velho.
Dentro do galinheiro  só existem duas coisas que assustam seus habitantes: Dois galos brigando pelo poder do território e a raposa sagaz que no escurecer da noite aparece sorrateira e tenta de forma sutil encurralar algum pintinho ou frango para poder devorar. Assim como cão e gato, o relacionamento de raposas com galinhas nunca foi muito amistoso – ambos são inimigos mortais. A raposa pra sobreviver precisar de um terreiro que tenha muitos habitantes para que sempre possa fisgar um desavisado e garantir sua refeição e  tenha seu “status quo” respeitado.
Um dia o galo mais velho resolveu garantir sua vida e de alguns de seus afilhados e propôs um acordo de paz com a raposa. A raposa já cansada de sempre ter que arranjar uma maneira sutil de enganar o galinheiro para satisfazer seus caprichos pessoais e saciar sua fome de poder,  viu na proposta do galo velho a possibilidade de imobilizar o guaxinim (outra ameaça ao galinheiro)  - O galo velho disse que a raposa prometesse reformar o galinheiro, dar poleiros novos para todos e  distribuísse muito milho no terreiro, tanto milho que os frangos e galinhas pensassem que não acabaria mais. 
A raposa muito esperta apagou da mente de todo o galinheiro a ideia de futuro e os fez pensar apenas no presente – Disse que daria um poleiro novo a cada frango e galinha, espalhou milho, fez promessas de segurança e proteção. Com isso conseguiu aprisionar dois terços do galinheiro, Provocou a entrada de cada um, Rasgou todos os compromissos assumidos, Organizou a prisão de todos em um mesmo Poleiro,  Surrupiou  todos os direitos de uma vida independe e ainda deixou o famoso “galo mais velho” comendo em sua mão, como presa fácil para possíveis projetos de satisfação pessoal.
No poleiro velho só ficou um terço do galinheiro e resta a eles se manterem firmes em seus poleiros ou também se render aos encantos da raposa. Espera-se que aurora faça surgir o vislumbre de novos horizontes e não se deixem corromper pelas promessas de vida melhor insinuada pela raposa.


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