TEÍSMO ABERTO
Por: Pr. Jenuan Lira
(Reitor do SIBIMA – Seminário e Instituto Bíblico Maranata)
O NOSSO DEUS IMUTÁVEL
Uma resposta às novas concepções teológicas do Teísmo Aberto
INTRODUÇÃO –
1. A História do Cristianismo, desde seus primórdios está repleta de registros em que,
por causa do aparecimento de novas questões teológicas, foi preciso a Igreja se
posicionar e sistematizar sua compreensão sobre as questões levantadas. Muito do
conteúdo dos compêndios de Teologia Sistemática vieram desses embates acerca
das teologias contemporâneas.
2. Já no período apostólico as questões relacionadas às doutrinas cristãs eram motivo
de preocupação dos líderes, os quais sentiam-se impelidos a proteger seus rebanhos:
a. Gl. 1:6-9: Uma severa ameaça ao evangelho é denunciada por Paulo.
Tratava-se do legalismo, que essencialmente ensina a necessidade de
participarmos na nossa salvação por meios do cumprimento de certos
preceitos.
b. At. 20:29-30: Paulo avisa sobre o fato de que enganos haveriam de surgir
dentre os próprios líderes da Igreja de Éfeso.
c. Ef. 4:14: Aqui nota-se o perigo dos ventos de doutrinas, os quais nascem no
coração de homens astuciosos, que agem por meio de artimanhas e induzem
ao erro. Nem sempre os erros doutrinários são frutos de reflexões
descuidados ou idéias inocentes. Muitas vezes surgem de mentes maliciosas.
d. Jd. 3-4: Judas exorta a que batalhemos pela fé. A fé estava sob ataque, e o
autor sagrado viu o perigo. Por isso, resolveu mudar o seu tema devido aos
perigos insidiosos que rondavam a Igreja.
3. Constantemente, alguns pontos da nossa fé estão sob ataque, mas alguns não
merecem tanta atenção porque são mais periféricos. Contudo, quando o ataque se
dirige à doutrinas essenciais, imediatamente podemos notar a preocupação entre os
líderes cristãos, mesmo que não estejam necessariamente na mesma igreja ou
denominação. Este é o caso com uma nova doutrina que tem causado preocupação
no meio evangélico em geral. Esta doutrina é chamada Teísmo Aberto ou Teologia
Relacional. Na nossa cidade essa doutrina tem causado uma certa agitação porque
um dos principais proponentes é o Pr. Ricardo Gondim, líder nacional da igreja
Assembléia de Deus Betesda.
Estou citando o nome da Igreja Betesda, porque o problema tem se tornado
público, ocupando, inclusive as páginas do Diário do Nordeste, conforme nota que
tenho em mãos.
Decidi tratar desse tema porque tenho sido perguntado sobre a questão e sei que o
mesmo tem ocorrido com os irmãos da nossa Igreja. Portanto, achei que seria
necessário trazer esclarecimentos úteis, que previnam e edifiquem nosso povo.
PARTE I. O ENSINO DO TEÍSMO ABERTO SOBRE DEUS
A. Como surgiu o Teísmo Aberto?
a. Começou em 1980 quando um teólogo americano, Clark Pinnock, reivindicou ter
encontrado o “verdadeiro ” entendimento bíblico sobre Deus. Suas idéias se
desenvolveram, chegando ao centro do cristianismo contemporâneo por meio de
outros autores americanos: Gregory Boyd, John Sanders, e alguns escritores
populares. Gary Gilley coloca entre esses Phillip Yancey e Richard Foster.
A obra que marca o início dessa nova concepção sobre Deus foi A Abertura de Deus
(1980) – Clark Pinnock
Mas a explosão do Teísmo aberto só se deu quando Pinnock, Richard Rice, John
Sandres, William Hasker e David Basinger publicaram A Abertura de Deus: Um
Desafio bíblico ao Entendimento Tradicional de Deus (1994).
Outras importantes obras se seguiram: Cartas de um Cético e O Deus do Possível,
de Gregory Boyd; e , O Deus que se Arrisca, de Jonh Sanders.
B. Por que o Teísmo Aberto é tão sério?
Porque diz respeito à pessoa de Deus. É um ensino que atinge o coração da fé cristã.
Deus é a base de toda realidade, o fundamento básico do cristianismo.
Ser crente pressupõe a aceitação de certas declarações sobre a Pessoa de Deus: Sua
natureza, atributos, vontade e propósitos.
Nossa Bíblia é o Livro de Deus, nossos cultos são feitos a Deus, nossos cânticos são
louvores a Deus, nossas orações são dirigidas a Deus, nosso galardão virá das mãos
de Deus, nossa pregação é em nome de Deus, nossa missão é ser embaixadores de
Deus. Portanto, qualquer coisa que se diga sobre Deus se reveste de fundamental
importância. Mexer no conhecimento de Deus, é tocar no alicerce de tudo que
cremos, pensamos e almejamos.
O Teísmo Aberto toca em Deus, procura redefini-lo, tenta rebaixá-lo ao nível da
compreensão humana, esquecendo que o Infinito jamais pode ser contido pelo finito
(Is. 55:6-11). Certamente Deus tem se desvendado a nós nas Escrituras, mas ainda
há um abismo intransponível entre nós e Deus, o mesmo abismo que separa o
Criador da criação, o humano do divino, o temporal do eterno.
C. O que diz o Teísmo Aberto?
Clark Pinnock diz...
“Deus, em sua graça, assegura aos homens significativa liberdade para cooperar a
favor ou contra Sua vontade para a vida deles, e entra com eles num dinâmico
relacionamento de dar e receber. A vida cristã envolve uma genuína interação entre
Deus e os homens. Nós respondemos às graciosas iniciativas de Deus, e Deus
responde às nossas, e assim continuamos. Deus corre riscos nessa forma de
relacionamento, mas Ele tem recursos infinitos e é competente para agir em
direção ao seu alvo último. Às vezes, Deus decide sozinho como realizar esses alvos.
Outras vezes, Deus atua com as decisões humanas, adaptando seus próprios planos
para se encaixarem às situações mutáveis. Deus não controla tudo que acontece. Ao
contrário, Ele está aberto para receber as novas possibilidades das suas criaturas.
Num diálogo amoroso, Deus nos convida a participar com Ele a fim de tornar o
futuro real ”
Esta declaração afirma algumas coisas sérias que desafiam o entendimento clássico
do ser de Deus –
a. Deus não é soberano - sua vontade pode ser frustrada
b. Deus corre riscos – Ele responde a nossas respostas. Ele tem muitos recursos,
mas pode cometer erros, quando passa a bola para nós. Nossa ações livres
podem afetar a Deus de tal maneira que ele fica frustrado e se vê obrigado a
procurar alternativas. Em certo sentido, Deus está à mercê das Suas criaturas.
c. Deus é limitado em conhecimento – Como Deus não conhece o futuro, Ele
procura alguns sinais nas suas criaturas que o ajudam a tomar a decisão certa.
Ele não sabe o futuro porque ele está sujeito ao tempo, como nós. Ele não tem
conhecimento infinito (onisciência), Ele está constantemente aprendendo.
Portanto, Ele está em constante mutação, não em essência, mas em
entendimento. Deus não sabe o que uma pessoa vai fazer, até que a pessoa faça.
D. Qual a principal mudança na concepção de Deus provocada pelo Teísmo Aberto?
A principal “novidade” é a limitação da onisciência de Deus. Os teístas abertos
negam que introduziram tal novidade na teologia propriamente dita. Eles enfatizam
que, como diz a teologia clássica, eles também aceitam que Deus conhece todas as
coisas, que é infinitamente sábio, e tem todos os recursos e competência. Contudo,
eles acrescentam uma pequena frase que faz toda diferença: Deus conhece todas as
cosias conhecíveis. Com isto estão dizendo que certas coisas estão fora do campo do
conhecimento divino. Deus pode conhecer perfeitamente o passado, vê com clareza
todo o presente, mas Ele não pode conhecer o futuro, pois o futuro não é conhecível,
visto que ainda não se realizou.
Tal pensamento traz algumas implicações sérias. Uma delas, por exemplo, diz
respeito às profecias bíblicas. Se Deus não sabe o futuro, como pode fazer predição?
A resposta dos teístas abertos ou relacionais é que “as profecias têm um final aberto
e dependem, em grande parte, da resposta dos homens a elas, e Deus gosta que as
coisas sejam assim, pois de outro modo, Ele não teria a gostosa experiência da
surpresa...Deus aprende coisas, e gosta de aprendê-las”, diz Pinnock.
Conclusão –
Como diz um certo autor, Bruce Ware, “o sistema teológico do Teísmo Aberto
entra em colapso se puder ser demonstrado que Deus conhece todo futuro, todas as
contingências, incluindo todas as livres escolhas e ações futuras que suas criaturas
farão... e as evidências da Escritura sobre isso são absurdamente inegáveis”
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