"sucesso no ministério do evangelho é medido não por números, mas
por fidelidade à mensagem."
Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é
que está encoberto. 2 coríntios 4.3
Em 2 Coríntios, Paulo escreve
primeiramente para defender seu próprio apostolado contra determinados homens
que ele, mais tarde, chamou de falsos apóstolos (2 Coríntios 11.13). Esses
homens estavam ensinando que Paulo não era um apóstolo de verdade e estavam
dirigindo muitos ataques contra seu caráter e seu ministério, ao ponto que os Coríntios
começaram a duvidar de Paulo e, ainda, duvidar do evangelho que ele pregava.
Por exemplo, esses falsos
apóstolos acusaram-no de estar sob o juízo de Deus por causa de seus constantes
sofrimentos. O pensamento era que, se Paulo foi realmente mandado por Cristo,
ele não enfrentaria tal oposição e confusão, mas, ao contrário, Deus o
abençoaria. Assim, em 2 Coríntios 1.3-11, Paulo defende-se dizendo que seus
sofrimentos pelo Evangelho são, na verdade, uma marca do favor de Deus. Longe
de desacreditá-lo como um apóstolo, sofrimentos são um distintivo de sua
autenticidade como um ministro de Cristo. Eles também o acusaram de indeciso, e
de “propor um acordo com a carne” (2 Coríntios 1.17) por ele ter mudado seus
planos de ir a Corinto. Então, em 2 Coríntios 1.15-22, ele se defende dizendo
aos Coríntios que sua palavra não é sim ou não, mas sim, bem como todas as
promessas de Deus são sim em
Cristo. Outra acusação era que ele não tinha credenciais –
uma espécie de apóstolo que chegou tardiamente, não fazia parte dos doze
originais. Então, em 2 Coríntios 3.2, ele pergunta aos Coríntios: “Precisamos
de carta de recomendação para vocês? Vocês são nossa carta de recomendação. O
fato de vocês conhecerem Cristo por causa do evangelho que nós pregamos a vocês
é evidência de nossa autenticidade”.
No capítulo 4, descobrimos que
outra acusação era que sua mensagem era confusa. E isso era uma acusação
substancial, porque a cultura de Corinto louvava a sabedoria humana, a
inteligência de discursar e a oratória persuasiva. Eles tinham em alta consideração
aqueles que eram hábeis na retórica e oratória, e menosprezavam aqueles que não
eram. Assim, esses homens estavam dizendo: “Ei, olhe, Paulo, apenas algumas
poucas pessoas estão acreditando em sua mensagem. Se fosse verdade, e você
fosse realmente enviado por Cristo, mais pessoas acreditariam!”.
Parece um pouco como os dias de
hoje, não é? “Se Deus realmente estivesse te abençoando, você teria mais
pessoas em sua igreja! Se você realmente tivesse uma doutrina sólida – e se
doutrina fosse realmente importante – mais pessoas acreditariam!”.
O propósito da Igreja definido pelo propósito de Deus
O que há de tão interessante para
mim é como a resposta extremamente instrutiva de Paulo a essa acusação é de
como a Igreja pode ser testemunha fiel de Cristo em nossas várias esferas da
vida. Ele fala aos falsos apóstolos: vocês não entendem a doutrina da eleição.
Pode ser que nosso evangelho seja encoberto – isto é, certamente: há muitos que
não crêem em nossa mensagem – mas nosso evangelho é encoberto apenas para aqueles
que estão perecendo.
Ele diz algo parecido em 2
Coríntios 2.14-16: “porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão
sendo salvos e os que estão perecendo. Para estes somos cheiro de morte; para
aqueles, fragrância de vida”. Paulo faz uma ligação entre a pregação do
evangelho e o exalar de um aroma que encontra seu caminho nas narinas de todas
as pessoas. E entre aqueles que escutam
o evangelho, há dois tipos de pessoas: (a) aqueles que estão sendo salvos e (b)
aqueles que estão perecendo; (a) aqueles que Deus escolheu em Cristo antes da
fundação do mundo, e (b) aqueles que Deus não escolheu.
A mensagem da cruz é loucura para
“os que estão perecendo”, mas para “aqueles estão sendo salvos” – os chamados
(1 Coríntios 1.24) – é o poder de Deus para a salvação (1 Coríntios 1.18).
Assim, quando o eleito de Deus tem a fragrância do Evangelho, é para ele um
aroma de vida que leva à vida. Mas quando o não eleito a escuta, é um aroma de
morte que leva à morte, porque a mensagem da cruz é loucura para os que estão
perecendo.
O próprio Cristo disse a mesma
coisa aos judeus em João 10.26-27. Ele disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha
voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e eu dou-lhes a vida eterna, e nunca
hão de perecer. Mas vocês não acreditam porque não são minhas ovelhas”. Entenda isso. Não é: “Vocês não são minhas
ovelhas porque não crêem”, mas “vocês não acreditam porque não são das minhas
ovelhas. Vocês não são aqueles que o Pai me deu” (cf. João 6.37,39).
Então a defesa de Paulo contra a
acusação de que pessoas não o suficiente estão crendo em sua mensagem é
simples: o propósito da Igreja no evangelismo – e em todas as facetas do
ministério do Evangelho – é chamar as ovelhas de Cristo, não os bodes, para o
rebanho. Vocês não devem esperar que os bodes creiam no evangelho; apenas as
ovelhas escutem a voz do Pastor.
As Implicações
Considere as implicações que essa
doutrina tem para nosso ministério do Evangelho – para a forma em que nós
“praticamos igreja”. Se continuarmos a levar o Evangelho inalterado, bíblico,
ao mundo, e eles continuarem a rejeitá-lo, não é sinal de fraqueza da mensagem.
Nem mesmo necessariamente um sinal de fraqueza do mensageiro. Ao contrário, é o
desenrolar do propósito de Deus de redimir um povo em particular: aquelas
ovelhas que o Pai deu ao Filho.
Assim, se pregamos o Evangelho
Bíblico aos nossos vizinhos e aos nossos colegas de trabalho e nossas
comunidades com a paciência e compaixão de Jesus, e eles parecerem
desinteressados, não devemos concluir que precisamos deixar crescer uma
barbicha, começar a tocar rock secular, ter shows de luz, fazer esquetes e
passar vídeos na igreja para atraí-los. A igreja não é chamada a entreter os
bodes. Nossa tarefa é soar, quão claramente quanto pudermos, a voz do Pastor na
mensagem do Evangelho e chamar suas ovelhas que conhecem essa voz para seu
rebanho. O chamado da voz do Pastor é o meio pelo qual o rebanho de Cristo é
trazido para dentro de seu aprisco. Um
estranho elas simplesmente não seguirão, mas fugirão dele, porque não conhecem
a voz de estranhos. Então por que adotaríamos uma metodologia de ministério que
não está de acordo com a voz do pastor na pregação de sua palavra? Por que
implementaríamos algo mais – algo que a Escritura promete que não atrairá as
ovelhas de Cristo, mas os bodes? Talvez seja porque falhamos em entender as
implicações de 2 Coríntios 4.3.
Nosso evangelho é, de fato,
encoberto para aqueles que estão perecendo.
Assim, um princípio para o
ministério do Evangelho fiel que Paulo dá à Igreja de Cristo neste texto é:
sucesso no ministério do evangelho é medido não por números, mas por fidelidade
à mensagem. Portanto, naquilo que parecer uma temporada de falhas externas,
devemos buscar não o que oferece maior apelo, o que irá preencher mais lugares,
ou o que terá mais “influência”. Temos que perguntar: “entendemos o evangelho
corretamente? Estamos pregando a mensagem que recebemos? Estamos soando a voz
do Grande Pastor, ou a voz de um estranho?”.
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