AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS
As igrejas fiéis, a partir do ano de 253.A.D., foram decididamente conhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas. Estudaremos as aflições que esses crentes passaram para permanecerem leais ao ensino de Jesus. Foram duas fases distintas de perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o que interessava era eliminar o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado com a Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a segunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo perseguições nas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.
PERSEGUIDAS JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.
Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas com os editos lançados pelos imperadores. As primeiras conhecidas foram as de Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela segunda vez em 95 durante o governo despódico de Domiciano. Foi nesse período que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras se deram em ll2 por Plínio e em 161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano de 250, quando se tornaram gerais e violentas, começando com uma dirigida por Décio. Muitos pastores se desviaram nesta perseguição. Em 303 Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas, a deposição dos oficiais da igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição das escrituras pelo fogo. Um ultimo édito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob a pena de morte caso recusassem.
Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos que necessitavam de solução. Um dos problemas foi as duas duras controvérsias que tiveram lugar no Norte da África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar aqueles que tinham oferecido sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movida por Décio, e aqueles que entregaram Bíblias na perseguição dirigida por Diocleciano. As igrejas fiéis depuseram do cargo os pastores que caíram durante este período. Foi o caso do bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estava tudo bem, afinal de contas eram tempos de perseguição. Assim, apoiado pelo bispo de Roma, Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis das erradas. Os donatistas surgiram desta questão.
A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do Cânon do Novo Testamento. Se o possuir epistolas podia levá-los a morte, os cristãos precisavam estar seguros de que os livros pelos quais poderiam padecer a morte eram realmente livros canônicos. Esta preocupação ajudou nas decisões finais acerca de qual literatura era sagrada. Foi assim que resolveu-se aceitar os atuais vinte e sete livros do Novo Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se ele tinha sinais de apostolicidade; Verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos; Verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido publicamente; e verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.
PERSEGUIDAS PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.
Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo percebeu a clara divisão entre os cristãos. Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa. Mas precisava que essa hierarquia fosse unanime em sua fidelidade ao Estado. Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se. Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado, e aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram com sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas, que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partir do ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas. Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.
As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas eram de princípio duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do Imperador, temos mais uma heresia, e esta feriu a independência da igrejas para com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita força aos cristãos errados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes do que já eram. O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais. Até algumas igrejas fiéis, vendo neste casamento o cessar da perseguição, debandaram de lado, diminuindo consideravelmente o número das igrejas fiéis às escrituras.
Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas heréticas mostraram sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado que não tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Liderados pelo bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de Constantinopla no Oriente as igrejas heréticas passaram a perseguir cruelmente as igrejas fiéis. Proibiu-se o direito de culto; proibiu-se a livre interpretação das escrituras; proibiu-se o rebatismo; Quem não pertencesse a igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado a morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento, a tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível.
Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiam de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos anabatistas para os países onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século. IV vamos encontrá-los em diversos países e com diversos nomes.
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